segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ode aos Motociclistas


Aos motociclistas que viajam longas distâncias, aos motociclistas que viajam curtas distâncias, aos motociclistas que gostam de passear, aos que gostam de correr e aqueles que têm em si o espirito de liberdade e de vida em duas rodas.
O mundo mudou. É difícil hoje para alguém que cresceu tendo ideais de liberdade e de uma cultura onde a honra, a lealdade e a irmandade vinham em primeiro lugar, é difícil para pessoas que hoje preferem valores a preços viverem.
Hoje em dia o mundo está sendo tomado pelas modinhas, as camisetas de banda e de bebidas sendo vendidas nas lojinhas caras. Antes, uma camiseta da sua banda favorita custava uns R$10,00 e ainda era tido como algo esdrúxulo, hoje é difícil achar uma por menos de R$50,00 e é tido como status. Quase tudo poder ser comprado hoje. Quase tudo é substituível hoje, isso é tão desesperador. Infelizmente isso invadiu até mesmo o meio motociclístico, invadiu o refugio onde aqueles que procuravam sua paz de espirito iam, invadiu as “tabernas reservadas aos cavaleiros dos cavalos de aço”.
Hoje em dia, comprar uma moto é fácil, e quando ela tem problemas substitui-la  é mais fácil ainda se você tiver dinheiro. Mas até onde o dinheiro lhe torna um motociclista? É claro que você precisa de dinheiro para ter sua moto, mas até onde a moto faz de você um motociclista?
A todos aqueles que a moto é uma extensão do seu espirito é algo pelo qual você consegue se sentir vivo. Eu sei o quanto é frustrante nosso “habitat” ser tomado pelos falsos, ser tomado por aquele ideal de “sonho americano” onde todos podem vivenciar tudo. Não sou contra as pessoas terem o mesmo direito, não sou nem contra a popularização das motos ou artigos motociclísticos. O problema disso é a elitização desses itens, tornando mais fácil “ser um motociclista” tendo dinheiro do que tendo o verdadeiro espirito de um motociclista. Essas modinhas são como pragas de gafanhoto, elas vem e acabam com tudo, profanam tudo, sejam as crianças que estão sendo criadas pelas mídias ou os adultos que viveram a vida inteira dentro do armário e hoje querem tirar sua jaqueta de couro do guarda roupas e sair bancando o “tiozão” maneiro.
E agora? Esse desespero das modas invadindo nosso espaço, da mídia desmistificando nossos antigos usos e costumes. Bom, ainda ha esperança, sempre ha esperança, pois os verdadeiros sempre continuarão a ser. Motos podem ser compradas mais espíritos não.
O momento é de desespero, mais é nesse momento que deve se manter a calma e vivermos nossa irmandade, é nesses momentos que devemos estender a mão aquele irmão que está com sua moto parada no meio da rua, é nesses momentos que devemos nos juntar e nos erguer contra os “falsos” ao nosso lado. Ser motociclista não é apenas andar por ai com sua moto, não é só poder ir para grandes distâncias com ela (claro que isso ajuda e é muito prazeroso), mas não importa quantos KM você já rodou e sim como se sente a cada KM rodado.
Hoje não existem mais as grandes batalhas, nem mesmo as grandes caçadas, somos prisioneiros do sistema que vivemos, mas nossas motos são nossos passos para a liberdade, somos selvagens em uma selva de pedra, vivendo no limite de nossas cilindradas, somos selvagens do asfalto.

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