terça-feira, 1 de julho de 2014

Entre forjas e batalhas


Durante muito tempo achei que era um guerreiro, achei que minha força vinha das conquistas das batalhas, durante muito tempo acreditei ser um lutador alguém que estava seguindo pelo caminho do martírio e da solidão. Acreditava no caminho das batalhas que escolhia e travava, acreditava possuir a verdade dos mundos no caminho que percorria, o mundo foi se tornando vazio, fraco os céus que eram azuis tornaram-se cinza as flores foram perdendo seu cheiro e a comida o gosto.
O Mundo realmente se tornará um lugar estranho, sem coisas a fazer lugares a ir ou pessoas a ver, tudo era frio distante e sem vida, o mundo havia acabado e o que restava era apenas um cenário pós apocalíptico, não tinha mais batalhas nem mesmo mais inimigos, não havia nada a ser conquistado.
Fui percebendo ao meu redor que o mundo continuava que por mais cinza que ele parecia as pessoas continuavam, sorriam e demonstravam felicidade e tinham seus sonhos e batalhas. Foi então que eu percebi que não era o mundo que havia perdido sua vida e sim eu que tinha deixado meu fogo se apagar, mas por que? Porque um guerreiro deixaria seu espirito de luta morrer?
Então a conheci, conheci alguém que me acenderá o fogo sagrado da paixão, conheci alguém que dava cores ao mundo que eu já não podia ver , conheci seus sonhos e desejos, vi suas batalhas e anseios e finalmente percebi que eu não era um guerreiro eu percebi que era uma espada, que eu era a espada dela era sua excalibur. Por isso enfrentei as forjas do destino, fui elevado a temperaturas incandescentes recebi as marteladas dos deuses e me tornei o aço mais forte e mais afiado que já existiu, me tornei o objeto pela qual ela poderá realizar todos os desejos me tornei a arma com a qual ela vencerá todas as batalhas, e ela retribuiu a mim, ela escolheu a mim, permitiu que eu fosse seu companheiro seu metal sagrado sua pedra filosofal, deu sentido, devolver a cor o gosto e o cheiro do mundo, me apresentou coisas e mundos novos me deu mais do que batalhas para lutar me deu algo para que eu pudesse amar, algo que amarei por toda eternidade.



Daniele eu a amo muito, obrigado por dar sentido a minha vida!

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ode aos Motociclistas


Aos motociclistas que viajam longas distâncias, aos motociclistas que viajam curtas distâncias, aos motociclistas que gostam de passear, aos que gostam de correr e aqueles que têm em si o espirito de liberdade e de vida em duas rodas.
O mundo mudou. É difícil hoje para alguém que cresceu tendo ideais de liberdade e de uma cultura onde a honra, a lealdade e a irmandade vinham em primeiro lugar, é difícil para pessoas que hoje preferem valores a preços viverem.
Hoje em dia o mundo está sendo tomado pelas modinhas, as camisetas de banda e de bebidas sendo vendidas nas lojinhas caras. Antes, uma camiseta da sua banda favorita custava uns R$10,00 e ainda era tido como algo esdrúxulo, hoje é difícil achar uma por menos de R$50,00 e é tido como status. Quase tudo poder ser comprado hoje. Quase tudo é substituível hoje, isso é tão desesperador. Infelizmente isso invadiu até mesmo o meio motociclístico, invadiu o refugio onde aqueles que procuravam sua paz de espirito iam, invadiu as “tabernas reservadas aos cavaleiros dos cavalos de aço”.
Hoje em dia, comprar uma moto é fácil, e quando ela tem problemas substitui-la  é mais fácil ainda se você tiver dinheiro. Mas até onde o dinheiro lhe torna um motociclista? É claro que você precisa de dinheiro para ter sua moto, mas até onde a moto faz de você um motociclista?
A todos aqueles que a moto é uma extensão do seu espirito é algo pelo qual você consegue se sentir vivo. Eu sei o quanto é frustrante nosso “habitat” ser tomado pelos falsos, ser tomado por aquele ideal de “sonho americano” onde todos podem vivenciar tudo. Não sou contra as pessoas terem o mesmo direito, não sou nem contra a popularização das motos ou artigos motociclísticos. O problema disso é a elitização desses itens, tornando mais fácil “ser um motociclista” tendo dinheiro do que tendo o verdadeiro espirito de um motociclista. Essas modinhas são como pragas de gafanhoto, elas vem e acabam com tudo, profanam tudo, sejam as crianças que estão sendo criadas pelas mídias ou os adultos que viveram a vida inteira dentro do armário e hoje querem tirar sua jaqueta de couro do guarda roupas e sair bancando o “tiozão” maneiro.
E agora? Esse desespero das modas invadindo nosso espaço, da mídia desmistificando nossos antigos usos e costumes. Bom, ainda ha esperança, sempre ha esperança, pois os verdadeiros sempre continuarão a ser. Motos podem ser compradas mais espíritos não.
O momento é de desespero, mais é nesse momento que deve se manter a calma e vivermos nossa irmandade, é nesses momentos que devemos estender a mão aquele irmão que está com sua moto parada no meio da rua, é nesses momentos que devemos nos juntar e nos erguer contra os “falsos” ao nosso lado. Ser motociclista não é apenas andar por ai com sua moto, não é só poder ir para grandes distâncias com ela (claro que isso ajuda e é muito prazeroso), mas não importa quantos KM você já rodou e sim como se sente a cada KM rodado.
Hoje não existem mais as grandes batalhas, nem mesmo as grandes caçadas, somos prisioneiros do sistema que vivemos, mas nossas motos são nossos passos para a liberdade, somos selvagens em uma selva de pedra, vivendo no limite de nossas cilindradas, somos selvagens do asfalto.